Saturday, May 23, 2009

Quando minha mae morreu eu tinha 33 anos. Uma filha pequena pra criar. Mas eu senti uma coisa indescritivel mais ou menos assim:

Senti que depois da morte dela, pela primeira vez, eu me tornara um individuo, uma pessoa na totalidade. Como se um segundo cordao umbilical rompera-se. E eu me tornara de fato uma pessoa independente.

Meus lacos com minha mae eram tantos que mesmo longe fisicamente, eles estavam la invisiveis, ditando minha personalidade, meus julgamentos e minha vida. Ela sempre estava presente. E quando se foi, me vi so. Eu era eu ,e nao mais "eu e ela". Tive que me descobrir , descobrir me dela, sua presenca maravilhosa me cobria todos os momentos. Sentia seu calor, seu amor, sua cumplicidade quase que constante em minha vida e tambem seus conselhos, paranoias e medos.

Tirar o cobertor da minha mae que me cobria, foi dificil, senti o frio da individualidade e da solidao. E o cordao se rompera.....para sempre. Fazer meus proprios julgamentos, criar minha propria personalidade, sem a invisivel presenca de minha mae, sem aquele cobertorzinho gostoso foi um desafio.
Leva tempo, mas a gente sempre se adapta. Talvez por isso mesmo que nossas maes tenham que ir um dia. Pra gente se encontrar pura e simplesmente nesse mundo e aprender a andar tudo de novo.

2 comments:

dianadasha said...

é verdade, su... muito bom e intimista este seu depoimento. até que enfim voltaste pro blog, temos mesmo que escrever! tava com saudades de teus escritos. adorei. bj sua mana

Anonymous said...

Isso mesmo Suse... esse cobertorzinho q aqueceu a gente por muitos e muitos anos, se descobre e aí a gente fica com um friozinho.... é isso mesmo. Vc resumiu bem. Solidão e liberdade. Orfandade e liberdade, tudo junto ao mesmo tempo, né?
bjos
Tuninho Gui.