Senti que depois da morte dela, pela primeira vez, eu me tornara um individuo, uma pessoa na totalidade. Como se um segundo cordao umbilical rompera-se. E eu me tornara de fato uma pessoa independente.
Meus lacos com minha mae eram tantos que mesmo longe fisicamente, eles estavam la invisiveis, ditando minha personalidade, meus julgamentos e minha vida. Ela sempre estava presente. E quando se foi, me vi so. Eu era eu ,e nao mais "eu e ela". Tive que me descobrir , descobrir me dela, sua presenca maravilhosa me cobria todos os momentos. Sentia seu calor, seu amor, sua cumplicidade quase que constante em minha vida e tambem seus conselhos, paranoias e medos.
Tirar o cobertor da minha mae que me cobria, foi dificil, senti o frio da individualidade e da solidao. E o cordao se rompera.....para sempre. Fazer meus proprios julgamentos, criar minha propria personalidade, sem a invisivel presenca de minha mae, sem aquele cobertorzinho gostoso foi um desafio.
Leva tempo, mas a gente sempre se adapta. Talvez por isso mesmo que nossas maes tenham que ir um dia. Pra gente se encontrar pura e simplesmente nesse mundo e aprender a andar tudo de novo.
2 comments:
é verdade, su... muito bom e intimista este seu depoimento. até que enfim voltaste pro blog, temos mesmo que escrever! tava com saudades de teus escritos. adorei. bj sua mana
Isso mesmo Suse... esse cobertorzinho q aqueceu a gente por muitos e muitos anos, se descobre e aí a gente fica com um friozinho.... é isso mesmo. Vc resumiu bem. Solidão e liberdade. Orfandade e liberdade, tudo junto ao mesmo tempo, né?
bjos
Tuninho Gui.
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